Irmão de falsa médica é indiciado por esquema de atestados forjados em Manaus
22/05/2025
(Foto: Reprodução) Dib Almeida vai responder em liberdade por falsidade ideológica, furto qualificado e associação criminosa, segundo a Polícia Civil. Irmão de falsa médica vira suspeito por falsidade ideológica
Dib Almeida, irmão de Sophia Livas de Morais Almeida, de 32 anos — presa por se passar por médica em Manaus — foi indiciado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (22) por suspeita de envolvimento em um esquema de venda de atestados forjados.
Sophia foi presa na segunda-feira (20), enquanto se exercitava em uma academia de alto padrão, na Zona Centro-Sul da capital. A prisão foi realizada por equipes da Polícia Civil, que já investigavam diversas denúncias contra ela.
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O irmão da falsa médica se apresentou voluntariamente na delegacia durante a tarde, sem advogada — que não chegou a tempo de acompanhá-lo. O depoimento durou cerca de 40 minutos e, na saída, Dib preferiu não gravar entrevista.
Ele vai responder em liberdade pelos crimes de falsidade ideológica, furto qualificado, associação criminosa, entre outros.
Além de Dib, uma funcionária de uma clínica particular também foi indiciada por suspeita de participação no mesmo esquema de venda de atestados forjados.
Irmão de falsa médica é indiciado por participação em esquema de venda de atestados forjados em Manaus.
Reprodução/Rede Amazônica
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Como a Polícia Civil descreve o perfil de Sophia Livas?
Formada em Educação Física, mas dizia ser médica especializada em crianças e gestantes.
Se infiltrou em grupos de profissionais da saúde e foi aceita em programas de atendimento a crianças com doenças graves.
Usava jaleco branco, carimbos de médicas reais e receitava medicamentos — inclusive controlados — para crianças autistas.
Dava aulas em faculdades como "professora convidada" e era representante de um congresso de neurocirurgia marcado para julho, em Manaus.
Publicava fotos em plantões, com pacientes em tratamento contra o câncer e se promovia como uma médica humanizada.
Chegou a alegar ser parente do prefeito de Manaus, David Almeida, para ganhar prestígio — informação que foi desmentida pelo próprio gestor em nota enviada pela prefeitura.
Segundo a Polícia Civil, ela chegou a registrar um boletim de ocorrência contra pacientes que a denunciaram, tentando inverter a história.
Na casa dela, foram apreendidos medicamentos, receituários, jalecos de hospitais públicos e documentos falsificados. A Justiça decretou a prisão preventiva.
Sophia é investigada por exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica e outros crimes. Duas crianças autistas e trabalhadores que apresentaram atestados falsos estão entre as vítimas.
Como ela se infiltrou na área da saúde?
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Durante as investigações, foi descoberto que ela obteve, dentro do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), o carimbo de uma médica verdadeira que compartilhava o mesmo primeiro nome. Com esse carimbo, Sophia passou a realizar consultas de forma independente.
"Ela acabou se infiltrando em uma comunidade de médicos que faziam parte de um grupo de pós-graduação. Ganhou a confiança desses profissionais, fazendo com que acreditassem que ela era médica. A partir de então, foi convidada a integrar um programa de assistência e acompanhamento de crianças com cardiopatia grave", afirmou o delegado Cícero Túlio.
Em nota, o Hospital Universitário Getúlio Vargas informou que Sophia Livas nunca atuou como médica na unidade e não há registros de atendimentos feitos por ela. Segundo o hospital, ela foi aluna de mestrado na Universidade Federal do Amazonas como educadora física e, após concluir o curso, não mantém qualquer vínculo com a instituição.
O HUGV afirmou ainda que está à disposição da polícia para colaborar com as investigações.
Na delegacia, Sophia negou ser médica. Porém, nas redes sociais, ela se apresentava como tal e dizia ser sobrinha do prefeito de Manaus, David Almeida — informação falsa desmentida oficialmente pela prefeitura.
A Secretaria de Comunicação de Manaus esclareceu que o prefeito não tem qualquer parentesco com Sophia.
Além disso, a foto que a falsa médica publicou mostrando o prefeito com uma criança afirmando ser ela é, na verdade, do prefeito com sua filha, Fernanda Aryel. Outra imagem ao lado do prefeito foi uma selfie tirada em local público, comum quando ele é abordado por populares para fotos.
Em uma publicação em destaque no Instagram, Sophia aparece atendendo um paciente e celebra um "importante avanço na ciência".
Na legenda, afirma: "Hoje iniciamos as coletas do projeto Renomica Brasil, que investiga, por meios genéticos, doenças cardiovasculares hereditárias ou não".
Currículo apresentado pela falsa médica
Sophia Livas, falsa médica presa em Manaus
Divulgação
No currículo publicado na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que reúne informações acadêmicas e profissionais de pesquisadores brasileiros, Sophia afirma:
Ser especialista em Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz);
Ter concluído curso de extensão em doenças tropicais pela Fiocruz
Ter concluído curso de extensão em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP)
Ter concluído curso de extensão em saúde pública pela Unidade de Saúde Pública Arnaldo Sampaio (UPAS), em Portugal.
Ela também se apresenta como pesquisadora da Ufam e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além disso, Sophia destaca o trabalho como professora voluntária na graduação da Ufam e na pós-graduação da Escola Superior Batista do Amazonas (Esbam).
Porém, a investigação da polícia revelou que ela possui apenas bacharelado em Educação Física pela Ufam, concluído em março de 2022, mestrado em Ciências da Saúde pela mesma instituição, e que as demais informações em seu currículo Lattes são falsas.
Em nota, a USP confirmou que Sophia nunca foi matriculada na instituição e que o curso de extensão que ela alegava ter feito em 2020 foi cancelado.
Em nota, a ESBAM informou que Sophia Livas atuou apenas como professora convidada, ministrando dois módulos isolados em cursos de pós-graduação, com base em sua formação em Educação Física, Especialização em Saúde Coletiva e Mestrado em Ciências da Saúde. A documentação apresentada foi analisada e aprovada pela coordenação, sem indícios de irregularidades.
A instituição esclareceu que não houve vínculo empregatício nem integração ao corpo docente permanente, e que os conteúdos ministrados não estavam relacionados à área médica.
O g1 entrou em contato com as demais instituições citadas, mas não houve resposta até a última atualização desta reportagem.
Como a farsa foi descoberta?
Educadora física suspeita de atuar como falsa médica em Manaus é presa durante operação
Em Manaus, este é o segundo caso recente envolvendo pessoas que atuaram ilegalmente como médicos. No final de abril, Gabriel Ketzel da Silva, de 28 anos, foi preso por se passar por médico, após atuar por cerca de dois anos, principalmente atendendo crianças.
As investigações contra Sophia Livas começaram há aproximadamente um mês, como um desdobramento da operação que resultou na prisão de Gabriel.
Durante o processo, foram recebidas denúncias contra Sophia, que prestava atendimento a crianças com cardiopatias graves. Essas denúncias levaram à operação que culminou na prisão dela.
Pelo menos duas crianças autistas estão entre as vítimas. Segundo a polícia, os pais relataram que receberam receitas com medicamentos controlados emitidas por Sophia. Outros dois pacientes foram demitidos do trabalho após apresentarem atestados falsos emitidos por ela.
Ao ser presa, Sophia levou os policiais até a casa onde mora. No local, foram apreendidos jalecos, remédios, receituários do SUS e documentos médicos com nomes de profissionais reais.
"Diversos documentos, inclusive preenchidos com nomes de médicos que já tinham relatado à polícia que estavam sendo lesados, também foram encontrados na residência", disse o delegado Cícero Túlio, que coordenou a operação.
O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) informou que, até o momento, não recebeu denúncia formal sobre a atuação de Sophia como falsa médica.
O órgão afirmou que, sempre que recebe indícios de exercício ilegal da medicina, repassa as informações às autoridades competentes. O Cremam também orienta que a população pode consultar a regularidade de médicos no site do Conselho Federal de Medicina.
A Justiça decretou a prisão preventiva de Sophia. Segundo a Polícia Civil, ela deve ser indiciada pelos seguintes crimes:
Falsa identidade
Falsidade ideológica
Exercício ilegal da medicina
Estelionato contra vulnerável
Falsidade material de atestado
Curandeirismo
Charlatanismo
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