Chuva no Texas: excesso de umidade virou 'combustível' para rio subir 9 metros em 2 horas

  • 07/07/2025
(Foto: Reprodução)
Temporal já deixa mais de 80 mortos e outras dezenas estão desaparecidos, entre eles um grupo de 11 meninas que estavam em acampamento. Especialistas explicam que calor aumentou umidade que deu força para que o temporal agisse rapidamente. Time-lapse mostra avanço da água durante enchente no Texas @robertivey77 via Instagram Ao menos 82 pessoas morreram e mais de 40 continuam desaparecidas após o temporal que atingiu o Texas. A força da chuva surpreendeu os moradores e impediu que muitos conseguissem fugir do avanço da água, que, segundo o serviço de meteorologia local, chegou a subir nove metros em apenas duas horas. A explicação está no calor e na umidade atípicos, reflexos das mudanças climáticas. A tragédia ocorreu entre a noite de quinta-feira (4) e a madrugada de sexta-feira (5), durante o feriado da Independência dos EUA. Chuvas torrenciais provocaram o transbordamento do rio Guadalupe, um dos principais cursos d'água do estado do Texas. CHUVA NO TEXAS: veja o que se sabe sobre temporal e número de desaparecidos Segundo o serviço de meteorologia, as águas subiram cerca de nove metros em duas horas. Chuvas com alagamentos nessa época do ano são comuns, mas a intensidade da chuva e a força da água fizeram com que os níveis subissem rapidamente, antes de qualquer resposta. Até a manhã desta segunda-feira (7), o número de mortos era de 82. No entanto, mais de 40 pessoas ainda estavam desaparecidas. Um grupo de dez meninas que participava de um acampamento na região estava entre os desaparecidos. Enchente submerge carros e deixa mortos no Texas após chuvas intensas Jim Vondruska /Getty Images via AFP Por que isso aconteceu? De acordo com meteorologistas, a principal explicação para a chuva extrema é o aumento da umidade na atmosfera. Como isso acontece: O calor intenso de um planeta mais quente aquece as águas. Vale lembrar que é verão nos EUA e que eles estão vivendo temperaturas acima da média; Com isso, há mais evaporação e, consequentemente, mais umidade no ar; Esse excesso de umidade na atmosfera se transforma em combustível para as chuvas, que se tornam mais intensas e rápidas — como o que aconteceu no Rio Grande do Sul. ➡️ No caso do Texas, a água quente do Golfo do México alimentou uma atmosfera já úmida. Ainda mais umidade veio de áreas sobre o Oceano Pacífico. Essa combinação gerou um alto potencial de precipitação quando a tempestade começou. O resultado foi que em quase duas horas o nível do Rio Guadalupe, em Kerr, subiu de 90 centímetros para dez metros -- uma alta de quase nove metros. Vista aérea feita por drone mostra casas alagadas após chuvas torrenciais que provocaram enchentes repentinas ao longo do rio Guadalupe, em San Angelo, Texas, EUA, em 4 de julho de 2025 Reuters Seca anterior agravou o impacto Robert Henson, meteorologista e escritor da Yale Climate Connections, explicou que a chuva caiu sobre a região montanhosa do Texas, onde a água desce rapidamente pelas colinas em direção a bacias hidrográficas estreitas, que incham com facilidade. A região enfrentava uma seca severa, o que fez com que a terra, seca e compactada, não absorvesse a água. Isso aumentou o volume do escoamento e agravou a situação para as crianças que estavam no acampamento. “Como costuma acontecer com os piores desastres, muitas coisas se juntaram de uma forma terrível”, disse Henson. "Uma chuva repentina como essa vai ter mais dificuldade para ser absorvida", afirmou Brett Anderson, meteorologista sênior da AccuWeather. "Ela simplesmente escorre. É como concreto." Por que as chuvas estão mais fortes? A chuva no Texas é um dos maiores desastres ambientais da história da região. E ela não é a única nos Estados Unidos. Antes: Em San Antônio, ainda no Texas, em junho, mais de 18 centímetros de chuva caíram em um intervalo de horas, provocando dezenas de resgates devido à rápida elevação das águas e matando pelo menos 13 pessoas. Na Virgínia Ocidental, ainda nos Estados Unidos, no mês passado pelo menos nove pessoas morreram quando até 10 centímetros de chuva caíram em 40 minutos, causando inundações repentinas na região de Wheeling. E não é de agora e só nos Estados Unidos que estamos vendo isso acontecer: No ano passado, vimos chuvas intensas no Rio Grande do Sul, quando o estado foi devastado por uma enchente causada por um temporal em poucas horas. E em Valência, na Espanha, quando a chuva em 2024 transformou a cidade em palco da pior tragédia do século no país. Não é apenas impressão, as chuvas estão cada vez mais intensas. Segundo especialistas, os fenômenos têm relação com o aquecimento do planeta, resultado das mudanças climáticas que são causadas pela maior emissão de gases poluentes. Estamos vivendo em um planeta que a temperatura está acima das médias históricas. O ano de 2024 foi o mais quente da história e 2025 segue com temperaturas altas. O mês de maio deste ano foi o segundo mais quente que já vivemos. O calor interfere nos ciclos das chuvas. Isso acontece porque o oceano funciona como um 'bolsão de calor', ele absorve 90% de toda a temperatura excedente da Terra. Por um lado, impede que o planeta caminhe para o colapso, mas ele já vem dando sinais das consequências de absorver tanto calor. ➡️ O que os especialistas explicam é que, devido ao aumento da temperatura, os oceanos estão emitindo mais umidade, fazendo com que as chuvas tenham mais volume. No caso do Texas, por exemplo, houve interferência da água quente do Golfo do México -- que vem dando sinais de aquecimento. ➡️ Inclusive, o aquecimento na região já é motivo de alerta da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), para uma temporada de tempestades e furacões acima do normal. A temporada começou em junho e segue até novembro. Todo esse calor absorvido é, depois, liberado pouco a pouco em forma de umidade na atmosfera. O problema é que, com o aumento das temperaturas e absorvendo cada vez mais calor, esse processo está acelerado e intensifica a umidade presente na atmosfera, tornando as chuvas muito mais fortes. ➡️ Segundo a WMO, agência da ONU, a cada aumento de 1°C de aquecimento, o ar saturado contém 7% a mais de vapor de água em média. Assim, cada fração adicional de aquecimento aumenta o teor de umidade atmosférica, elevando o risco de desastres. Ou seja, os fenômenos recentes que estamos vendo já são reflexos das mudanças climáticas. Sobe para 80 o número de mortos nas enchentes no estado americano do Texas

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2025/07/07/chuva-no-texas-excesso-de-umidade-virou-combustivel-para-rio-subir-9-metros-em-2-horas.ghtml


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